Você pertence ao grupo de profissionais que acredita que conflito é ruim? O objetivo dessa pesquisa é refletirmos sobre esse paradigma. Conflito é mesmo algo negativo nas organizações?

Inicialmente, vamos refletir sobre o conceito de Conflitos. Segundo o Aurélio, Conflito significa “oposição de interesses, sentimentos, ideias. Luta, disputa, desentendimento. Briga, confusão, tumulto, desordem”. Talvez por esse conceito, você conclua que ter um conflito na organização, na sua equipe de trabalho não é nada bom. Mas vamos continuar nossa linha de raciocínio.

Qual a origem de um conflito? Se ele representa ideias divergentes e partindo do princípio que um trabalho desenvolvido por uma equipe que é composta por várias pessoas, é bem provável que existam opiniões divergentes sobre determinado assunto relativo ao projeto ou operação que está em execução. Partindo dessa premissa, sempre existirão conflitos nas empresas, pois dificilmente um conjunto de pessoas de experiências diversas irá concordar com tudo. Não é mesmo? Dessa forma, concluímos que um conflito seria algo natural dentro do trabalho de uma equipe.

Entretanto, mesmo com essa análise de que o conflito é algo natural, observamos nas empresas uma aversão ao conflito e à divergência de ideias. Parece que discordar de alguém ou expor um ponto de vista contrário sobre determinado assunto do trabalho é algo mal visto ou evitado pelas pessoas. É nesse momento que o fator liderança se torna crucial, para facilitar os conflitos e garantir o ambiente adequado para que as pessoas não se sintam coibidas, visto que um conflito pode ser algo extremamente positivo. É fundamental que o líder deixe claro as regras do “jogo” e uma delas é a livre oportunidade de opinar e expor sua experiência e vivência, sem que haja retaliação ou rejeição. A liderança tem que entender e mostrar ao time que a base da evolução é a incomodação e que ela só acontece quando existe espaço aberto para que as pessoas possam discutir o que precisa ser melhorado no trabalho de forma transparente. O que precisa ser evitado são os conflitos negativos, ou seja, aqueles que são motivados por disputas pessoais, ego ou vaidade. Num grupo de pessoas isso é totalmente possível de acontecer. O líder precisa ficar atento para evitar esse tipo de conflito que não agrega valor ao resultado do time.

Do ponto de vista teórico, seguindo o modelo de estágios de desenvolvimento de equipes de Tuckman, a necessidade dos conflitos para evolução fica mais evidente, pois uma das etapas (a segunda de um total de quatro) que o grupo de pessoas passa em busca da sua maturidade é denominado “Storming” ou Tempestade, representando o estágio de Conflitos.

Fonte: Livro Equipes de Alto Desempenho (Editora Ser+)

Podemos concluir que um verdadeiro time precisa entender que os conflitos são atitudes positivas e devem ser conduzidas para gerar incomodação e melhorias no processo de trabalho em busca de resultados. Entretanto, existem divergências por questões pessoais e essas devem ser evitadas. Seja estimulando o ambiente dentro do time para que haja transparência de opiniões (mesmo divergentes) ou seja evitando as divergências que não agregam valor, o papel do líder é fundamental nesse processo, criando o ambiente para o time aceitar as diferenças e tomar decisões rápidas para melhorar os resultados. É preciso entender que a ideia não é do indivíduo, mas do time! É buscando essa maturidade que o time vai visualizar que os conflitos são essenciais para o crescimento e formação de uma cultura de alta performance, pois deles surgem as melhores soluções. O conflito não é um mal necessário. É um bem necessário!

Alércio Bressano (@alerciobressano) é Consultor de Empresas e Mentor de Líderes para a Alta Performance Empresarial e Pessoal com mais de 25 anos de experiência de mercado. Atua na formação de líderes por todo o Brasil que buscam mais realizações profissionais e pessoais, com mais qualidade de vida, mais tempo e mais dinheiro na carreira, nos negócios e na vida. Também atua como Professor Universitário com mais de 18 anos de experiência acadêmica em cursos de MBA e Pós-graduação. Formado em Tecnologia, especializou-se em Gestão Empresarial, Gestão Estratégica de Pessoas e Psicologia Organizacional, Neurociências e Psicologia Positiva. Possui 6 certificações internacionais em Modelos de Gestão de Projetos e Equipes (PMP, PMI-ACP, CSM, CSPO, CSP-SM, CSP-PO). Co-autor de 2 livros sobre Equipes de Alto Desempenho e Gestão Pessoal para Produtividade. Criador de 4 métodos de gestão e produtividade, onde centenas de pessoas tiveram a oportunidade de conhecer e se beneficiar através dos seus programas de mentoria e treinamentos. Sua missão é tornar as pessoas mais produtivas, realizadoras e felizes no trabalho e na vida, contribuindo com o fim do estresse no mundo. Pai do Rafael de 6 anos e fundador da ONG Instituto O Mentor (@institutoomentor), onde atua como voluntário há mais de 11 anos em 4 projetos de desenvolvimento profissional, humano e impacto social. Voluntário do PMI, da ABRH e da Júnior Achieviement, promovendo os temas relacionados a gerenciamento de projetos, gestão de pessoas e empreendedorismo.